Uma história muito interessante, a
lola era uma
caturra e fez parte da minha vida durante 18 anos. É verdade, quem diria que este animal ao entrar em minha casa em 1990 iria durar até 2008 em cativeiro, longe de mim pensar que um animal destes duraria tanto tempo.
Foi-me oferecida pelos meus pais tinha eu 9 anos, ainda me lembro como fosse ontem, a
lola veio de uma loja de animais, de um pequeno centro comercial.
Veio com a condição, que seria um pássaro para andar á solta pela casa e não fechada em uma gaiola.
Eu pus na cabeça que a
lola tinha que falar, então gravei num gravador estas duas palavras: "Olá" e "Sou eu", e todos os dias o ligava horas. Um dia, as repetitivas palavras deram frutos. A
lola falou e disse. Olá, sou eu! e a partir desse dia nunca mais deixou de falar.
Adorava andar no meio das plantas da minha mãe na sala (porque plantas não faltavam, a minha sala era tipo uma floresta) assim parecia o seu habitat natural.
A
lola habitou-se a comer o que nós comíamos, nomeadamente 2 coisas em particular, que ela estivesse onde estivesse, fazia voo picado para mesa e não passava sem beber galão (café com leite), nem comer caranguejo.O engraçado era vê-la a por a cabeça toda dentro do copo para beber o galão e depois cabeça toda para trás para engolir.
Gostava de festas na cabeça e andava sempre no dedo, ou no ombro pela casa toda, mas também tinha personalidade, ou tinha os seus dias, aqueles que também dava picadas de fazer sangue.
Certo dia acabou o descanso da
lola, quando nós arranjamos uma cadela que gostava muito de penas...até que depois de tanta perseguição a
lola fugiu pela janela, a tentar fugir da cadela.
Passei dias inteiros na rua a chamar por ela, chorava que nunca mais acabava e comecei a perder a esperança, até que passados uns dias a minha avó que morava perto de minha casa, telefonou-me a dizer que a sua vizinha tinha encontrado uma
caturra e que a tinha guardado numa gaiola.
Eu não queria acreditar que fosse a minha, mas saí de casa naquele mesmo minuto.
Até podia ter dúvidas que a
caturra fosse minha, mas quando cheguei perto da gaiola onde ela estava a primeira coisa que ouvi foi: "Sou eu", não restavam dúvidas, tinha sido um milagre tê-la encontrado.
Infelizmente, depois de tudo isto, a
lola teve que deixar a "liberdade" que tinha em casa e passou para uma gaiola, mas todos os dias eu tirava-a para andar um pouco livre.
Com o passar dos anos a
lola foi envelhecendo até que ficou cega de um olho (fruto da idade) e depois de um segundo olho, percebi que era a lei natural da vida, a
lola estava velhota, sabia que em minha casa tinha quase 18 anos, mas não sabia quantos tinha efectivamente, penso que uns 20 anos.
Mas no ano passado chegou o seu dia, aquele dia que já estava a espera que chegasse, a sua partida e agora ...restam estas memórias, as quais nunca vou esquecer.